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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Formas de brincar ou jogar o Caxangá


Formada a roda, os jogadores permanecem parados, podendo inclusive ficar sentados, com um objeto igual para todos na mão direita. Pode ser um copo, caneca, caixa de fósforos etc. Ao ritmo da música, marcando os tempos fortes, inicia-se a brincadeira, passando-se o objeto que se têm na mão direita para o vizinho da direita, e recebendo com a mão esquerda o objeto do vizinho da esquerda (se estiver de pé), trocando-o rapidamente de mão. Quando a letra diz "zigue, zigue, zá...", o objeto é retido na mão direita, e só passado para a pessoa da direita na última palavra (zá).
Quando o jogo é feito sentado, os jogadores ficam dispostos ao redor de uma mesa, pega um objeto cada um e ao ritmo da música, entregam seu objeto ao companheiro da direita. Em determinados momentos da letra, não o solta e o trazem de volta. Pode-se usar somente a mão direita, largando-se o objeto sempre à frente do vizinho da direita. Vai saindo da roda aqueles que se perderem no ritmo ou não passarem o objeto no momento certo. Quando os participantes são experientes no jogo, pode ser invertido o sentido da brincadeira da direita para a esquerda.

Letra da Música Escravos de Jó

Escravos de Jó jogavam Caxangá.
Tira, bota, deixa o Zé Pereira ficar...
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue zá...
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue zá.

Escravos de Jó jogavam Caxangá.
Tira, bota, deixa o Zambelê ficar...
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue zá...
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue zá.

Escravos de Jó jogavam Caxangá.
Tira, bota, deixa o cão guerreiro entrar...
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue zá...
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue zá.

Escravos de Jó jogavam caxangá.
Tira. Põe. Deixa o (cita o nome de cada jogador) ficar...
Guerreiros com guerreiros fazem zigue-zigue-zá...
Guerreiros com guerreiros fazem zigue-zigue-zá.


Música Oficial da Caxangá FM

Caxangá

Intérprete: Elis Regina
Composição: Milton Nascimento e Fernando Brant

Sempre no coração
Haja o que houver
A fome de um dia poder moder a carne dessa mulher
Veja bem meu patrão como pode ser bom
Você trabalharia no sol e eu tomando banho de mar

Luto para viver
Vivo para morrer
Enquanto minha morte não vem
Eu vivo de brigar contra o rei
Em volta do fogo todo mundo abrindo o jogo
Com tudo que tem pra contar
Casos e desejos coisas dessa vida e da outra
Mas nada de assustar
Quem não é sincero sai da brincadeira correndo
pois pode se queimar
Queimar

Saio do trabalho e
Volto para casa e
Não lembro de canseira maior
Em tudo é o mesmo suor

O significado da palavra Caxangá

Caxangá tem vários significados. Pode ser um crustáceo, parecido com o siri, um chapéu usado por marinheiros, e há até uma definição indígena, segundo o Dicionário Tupi-Guarani-Português, de Francisco da Silveira Bueno, que indica Caxangá derivando de caá-çangá, que significa "mata extensa”. Para o Dicionário do Folclore Brasileiro, é um adereço muito usado pelas mulheres de Alagoas. Caxangá ou Escravos de Jó também é o nome de uma cantiga de roda cuja origem e significado são controversos.


O que é o "Caxangá", que os escravos jogavam?

Há controvérsias a respeito da origem, do significado e da letra do jogo. Tudo indica que a letra faz alusão aos escravos que juntavam Caxangá, uma espécie de crustáceo. O que pode ter ocorrido uma corruptela da letra e, onde originalmente se lia no verso "juntavam Caxangá" ao invés de "jogavam", pode-se pensar em escravos pegando siris em vez de em um jogo. Existe também a hipótese que Caxangá seja uma expressão sem sentido.

Jó é um personagem bíblico do antigo testamento que possuía uma grande paciência. Dai a expressão "Paciência de Jó". A Bíblia não afirma que Jó tinha escravos e que estes jogavam o Caxangá. Segundo a Bíblia, Deus apostou com o Diabo que Jó, mesmo perdendo as coisas mais preciosas que possuía, os filhos e riqueza, não perderia a fé. Acredita-se que a cultura negra tenha se apropriado da figura bíblica de Jó para simbolizar o homem rico e poderoso à imagem e semelhança do senhor de engenho. Os guerreiros que faziam o zigue zigue zá seriam os escravos fugitivos que corriam em ziguezague para despistar o capitão-do-mato, a serviço do patrão.